Quanto maior for a temperabilidade do aço, maiores são as chances de se ter a formação de microestrutura frágil, como martensita, na ZF (Zona Fundida) e, principalmente, na ZTA (Zona Termicamente Afetada). A presença desse tipo de microestrutura confere ao aço alta dureza e baixa ductilidade, aumentando a tendência de fissuração por hidrogênio. Nesse caso, o alívio de tensões atua revenindo a microestrutura martensítica.
São exemplos de aços com elevado teor de elementos de liga os aços temperados e revenidos, os aços resistentes a fluência ligados ao cromo e ao molibdênio e os aços com alto teor de carbono, como o ABNT 4140.
Peças com elevadas espessuras:
Na soldagem de aços com elevadas espessuras, as tensões que aparecem na peça devido aos ciclos térmicos de soldagem não conseguem provocar deformações devido à rigidez da mesma, provocando uma espécie de travamento e acarretando o surgimento de tensões residuais. Além disso, em materiais de grandes espessuras, a dissipação de calor favorece o resfriamento rápido e, por isso, maior é a tendência de formação de microestruturas frágeis.
Peças submetidas a carregamentos cíclicos:
Peças que estão expostas a um carregamento cíclico podem ter sua vida diminuída devido à soma das tensões de trabalho com as tensões residuais, acelerando uma falha do componente por fadiga, como, por exemplo, em eixos automotivos.
COMO DETERMINAR OS PARÂMETROS DO TTAT?
Os principais parâmetros para se definir um Tratamento Térmico de Alívio de Tensões são a taxa de aquecimento (TA), o tempo e a temperatura de patamar e a Taxa de Resfriamento (TR). Esses são definidos com o auxílio de normas internacionais, como a ASME seção VIII divisão 1, de acordo com as dimensões da peça que sofrerá o tratamento e com a composição química do material. Por exemplo, aços carbono são tipicamente aquecidos entre 600 e 675°C, por uma hora para cada polegada de espessura (25mm).
Um outro exemplo pode ser dado para o aço ASTM A335 P1. A norma ASME seção VIII divisão 1 determina que, para espessuras de até 50mm, a temperatura e o tempo de patamar devem ser de 595°C e 1h p/ cada 25mm (mín. 15min), respectivamente. Já para espessuras superiores a 50mm, a temperatura e o tempo de patamar devem ser de 595°C e 2h + 15 min para 25mm adicional.
Já a norma ASME Seção II Part C define tratamentos térmicos pós-soldagem em função da classificação AWS do consumível de soldagem. As propriedades mecânicas do metal depositado com o consumível em questão após tratamento térmico podem ser consideravelmente diferentes das propriedades do metal depositado como soldado, do inglês as welded.
Por exemplo, o metal depositado com um eletrodo revestido de classificação E7018 pode apresentar um limite de resistência de 500 MPa na condição como soldado. Contudo, após a aplicação de um alívio de tensões, esse limite de resistência pode diminuir para 450 Mpa. Dessa forma, as propriedades mecânicas do metal de solda, assim como as do metal de base, devem ser avaliadas.
Eletrodos revestidos contendo cromo e molibdênio, tais como o E8018-B2 e E9018-B3, são classificados pela norma AWS A5.5 na condição após Tratamento Térmico de Alívio de Tensões. O eletrodo E8018-B2, por exemplo, tem um requisito de limite de resistência mínimo de 550 MPa após alívio de tensões a 690°C por uma hora. Contudo, na condição como soldado, o limite de resistência pode chegar até 825 Mpa.